ECONOMIA

Free flow: pagamento automático sem praças de pedágio

Free flow é um termo que nem todos conhecem, mas que será adotado no país em breve. Para entendê-lo, foi realizado, na Fiesp, nesta quarta-feira (25/10), o workshop free flow no Brasil e em São Paulo: realidade, desafios e futuro para compartilhar o andamento dos projetos em curso, os benefícios e sua implementação sob a ótica da indústria.
Trata-se de um sistema de pagamento automático de pedágio, sem praças, em rodovias e vias urbanas. O objetivo do free flow é cobrar de forma igualitária de todos que utilizam o sistema, de acordo com o trecho rodado, trazendo eficiência e justiça tarifária.
Na abertura, André Rebelo, diretor executivo do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp, lembrou que a maior parte do transporte se dá por rodovias, 80% dele em São Paulo e 2/3 no território nacional. O novo sistema reduz riscos de acidente, tempo de viagem e proporciona conforto ao motorista, disse Rebelo, além de facilitar a arrecadação, porque não será preciso administrar os valores da praça, com esquema de segurança, por exemplo. Por outro lado, a inadimplência e a evasão são pontos de atenção associados a esse avanço trazido pelo free flow.
Basílio Militani Neto, diretor de Regulação, Fiscalização e Gestão da Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran), informou que o Ministério [dos Transportes] está acelerando esse projeto a fim de dotar o país de infraestrutura adequada no transporte de passageiros e de cargas.
“Há estudos nesse sentido”, disse, o que envolve a inovação de contratos e tecnologia; novas concessões serão feitas a partir de 2024 em diversos estados. Para ele, os contratos devem ter redução de custo para os usuários, mas com segurança jurídica para os contratantes e proporcionar melhor desempenho nas rodovias públicas. Esse tripé tem como foco a fluidez, essencial para o custo e a confiabilidade das viagens em sua origem e destino.
A justiça tarifária amplia a base contributiva para sustentar esse modelo e promove redução para aqueles que trafegam longas distâncias no sistema convencional. O desafio é que este será um caminho sem volta, em termos de modelo de remuneração, envolvendo operadores contratados pela União, estados e municípios, segundo o expositor. Também exigirá debate no âmbito regulatório e ajuste no Código Brasileiro de Trânsito, conforme explicou Militani Neto.
A eleição para a identificação do veículo, a fim de se evitar fraudes, é outro ponto crítico, pois poderá ser feita por placas, ainda não uniformizadas no Brasil, ou por Tag.
Em sua aplicação, a comunicação com o usuário deve ser clara, com canais eficientes de atendimento, e se integrar os dados do proprietário ou condutor. O sistema irá requerer policiamento ostensivo, abordagem inteligente e escalabilidade na autuação, bem como a automação de processos, explicou o diretor da Senatran.
O Arco Norte e a Ferrogrão mudaram a logística no país, observou Valter Souza, diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional do Transportes (CNT), e melhorar a infraestrutura no país é um dos grandes desafios. A Ferrogrão é uma ferrovia de 933 km, que ligará Sinop (MT) a Miritituba (PA), considerado um importante corredor para escoar a produção do Centro-Oeste. Nos portos do Arco Norte (acima do Paralelo 16) estão as novas fronteiras de produção. Souza destacou a necessidade de fluidez no escoamento, evitando-se a paragem para pesagem, como ponto positivo, e a segurança quanto ao roubo de cargas, outro fator.
Na sequência do debate, o exemplo veio do Chile. Waldo Antonio Soza, subgerente de Aseguramiento de ingressos, Rutas del Maipo, apresentou o lado prático, a experiência de mudança do pedágio manual para o eletrônico, e a estratégia de comunicação utilizada a fim de tornar o sistema amigável para o usuário, além de medir a qualidade do serviço e sua eficiência.
Fotos: Ayrton Vignola/Fiesp

Fotos: Ayrton Vignola/Fiesp

Marco Aurélio Barcelos, da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), avaliou que o fato de a tecnologia permitir detecção e pagamento automático é uma mudança de paradigma do ponto de vista da experiência do usuário. Há uma tendência à redistribuição e melhor segurança viária, além de ganhos em relação ao meio ambiente, devido à economia de frenagem, disse. Em sua avaliação, há expectativa de apoio por parte da indústria, mas apontou o necessário ajuste da legislação e da sua regulamentação.
Fernando Feitosa, gerente de regulação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), disse que há dois editais que devem chegar em 2025 e 2027 com a novidade do free flow. “É uma entrega de um serviço público melhor, que o governo federal acredita”, concluiu.
Carlos Gazaffi, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade (Abepam), disse que há 12 milhões de tags no Brasil em uso, mas o serviço de pagamento automático ainda é subutilizado. O free flow vai envolver outras etapas, como a digitalização do vale pedágio, por exemplo, adaptando-o ao sistema, mais a disponibilidade de canais para pagamento para aqueles que não têm tag, inclusive. Para ele, o desafio surgirá com as várias praças devido à extensão geográfica do Brasil e a necessidade de um canal único de arrecadação e a cobrança.
Também integraram o debate Carla Fornasaro, diretora-presidente da CCR RioSP, e Raquel Carneiro, diretora do CPP.

– FIESP

Redação

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