Carnaval em 2022 pode levar ao surgimento de novas variantes do coronavírus, diz especialista
Para o médico sanitarista Sérgio Zanetta, as afirmações de autoridades governamentais que já estimam uma média de público para o evento “atendem a um desejo coletivo legítimo, mas não têm qualquer propósito técnico ou científico”
O avanço da vacinação e a queda no número de óbitos por Covid-19 no Brasil alimentam uma esperança necessária de retomar grandes eventos culturais, porém, a realidade ainda se traduz em um longo caminho a percorrer. Enquanto autoridades públicas já citam a possível realização do Carnaval de rua em 2022, o médico sanitarista e professor de Saúde Pública e Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, Sérgio Zanetta, avalia que as falas atendem a um desejo coletivo legítimo, mas sem qualquer propósito técnico ou científico.
“Como o vírus se propaga a partir do contato entre as pessoas, pode ser um momento de intensa transmissão do vírus. Manter (o evento) significa manter a possibilidade de que novas variantes sejam desenvolvidas. Então, a possibilidade de liberação de atividades como o Carnaval não é mais que um desejo. Não há fundamento para a liberação dessas atividades”, afirma.
O especialista declara que em 2022, portanto, ainda teremos a transmissão do vírus. Embora as pessoas vacinadas se contaminem menos – a probabilidade de contrair o vírus após receber a vacina varia de 51 a 70% –, esse público ainda pode ser infectado pelo Coronavirus e se tornar um transmissor.
“A expectativa de que estaríamos em condições de circular sem máscara e sem distanciamento, e realizar aglomerações como as do Carnaval, mesmo com a previsão da vacina, é ignorar os seguintes fatos: a pandemia não terá desaparecido até lá. Ela provavelmente persistirá pelo próximo ano inteiro, talvez mais um ano. Depende de uma série de inovações e descobertas, mas também de transformações que podem ocorrer no curso da doença”, explica. -Liberação de Imprensa