Aprenda a meditar em um estado de agitação
Meditação é estar com a consciência voltada para o momento presente e, a partir dessa consciência desperta ao momento, um fluir original de nossas ações.
Quando se pensa em meditação, em geral, uma imagem vem à mente: alguém em uma posição confortável, com foco na respiração, tentando controlar os pensamentos e procurando ficar imóvel.
Essa imagem representa uma abordagem de meditação passiva, caracterizada pela imobilidade corporal juntamente com a consciência atenta ao momento presente.
Consciência atenta ao momento presente é sinônimo de diminuição de pensamentos perturbadores, já que existe uma relação inversa entre eles.
Existe a possibilidade de meditar dançando, chacoalhando, cantando, falando e movendo a energia antes de silenciar? Essa abordagem meditativa existe, e tem o nome de Meditações Ativas.
Já que o ponto é estar atento ao momento presente enquanto parados, por que não ficar atento ao momento presente enquanto se movimenta e libera tensões corporais?
Embora Osho, o polêmico mestre indiano, não tenha sido o pioneiro das meditações ativas, foi ele o maior inovador dessa abordagem de meditação, e associou-as às meditações passivas, o que resultou em maior profundidade dessas últimas. Sim, as meditações ativas não são opostas às passivas e nem o contrário, mas intensificadoras uma da outra, assim como o dia dá mais suavidade à noite e a noite dá mais vivacidade ao dia.
Além disso, as meditações ativas fortalecem e energizam o corpo, são antidepressivas e abrem à criatividade. E há muitas categorias delas, sendo as catárticas as que mais facilmente demonstram seus efeitos transformadores, e convida o praticante a expressar conscientemente emoções reprimidas em uma situação protegida e segura, o que resulta em uma sensação de libertação e leveza, estado esse agora sim mais favorável ao aprofundamento das meditações passivas.
Nos dias atuais, com o ritmo acelerado que o cotidiano impõe, fica cada vez mais difícil conseguir transcender a inquietação interna apenas com meditações paradas, e as meditações ativas são as indicadas, para muitos, aliadas fundamentais neste processo.
Considerando isso, Nisargan, instrutor de meditação do Espaço Presença, desenvolveu uma metodologia que ele chama de Meditações Contemporâneas, que consiste em uma adaptação das meditações ativas e passivas do Osho com uma flexibilização maior, o que permite a escolha, pelo próprio meditador, dos estágios a serem praticados e do tempo de prática de cada um, facilitando assim a vivência de técnicas em sintonia com a pessoa e em um tempo de prática geralmente menor.
“Embora essa flexibilização seja fundamental para tornar a meditação mais acessível e prazerosa, o ponto mais importante não são as técnicas em si, que na verdade são apenas situações para vivenciarmos a essência da meditação, que é o Estado de Presença. Desse modo, o reconhecimento vivencial do Estado de Presença é de fato o ponto fundamental da abordagem”, explica Nisargan.
Na década de 80, Nisargan bebeu diretamente da fonte do Mestre em sua própria presença física, tanto nos Estados Unidos (Rajneeshpuram) como na Índia (Poona), e foi membro das suas comunas na Alemanha, Itália e Brasil. Também foi tradutor de dezenas dos seus vídeos e livros, todos já publicados.
Para as adaptações das Meditações Contemporâneas, Nisargan se inspirou nesses anos em que conviveu com Osho e nas décadas de práticas pessoais das meditações do Mestre, o que lhe permitiu a criação de uma composição original e única.
“Meditação é estar com a consciência voltada para o momento presente e, a partir dessa consciência desperta ao momento, naturalmente ocorre um fluir original de nossas ações. Se ajudo a despertar essa presença e ao mesmo tempo dou diretrizes não essenciais, acabo restringindo a oportunidade de a pessoa vivenciar seu fluir criativo. As Meditações Contemporâneas dão o máximo de liberdade e o mínimo de regras, para que o indivíduo se conecte e seja ele mesmo. Somos diferentes, temos ritmos, horários e momentos diferentes. Estar presente gera um fluir natural, e não serei eu quem vai dizer como o meditador vai fazer a sua dança meditativa, por exemplo, já que é o seu próprio corpo quem vai impulsionar seus movimentos”, argumenta o instrutor.
A fisioterapeuta pélvica Viviane Manso realiza a prática há mais de um ano e reconhece a eficácia e os benefícios que o método proporciona em sua vida. “Foi libertador entender que meditar é perceber o que está acontecendo agora e que essa própria percepção ao momento evita que eu entre nos habituais pensamentos perturbadores. Foi libertador também me dar conta que posso perceber qualquer coisa da realidade presente, e não apenas um aspecto predeterminado dessa realidade”, relata a fisioterapeuta.
“Eu era extremamente agitada, era muito difícil ter foco e me aquietar, ficar 1 ou 2 minutos em imobilidade. Foi incrível quando conheci o método e descobri que eu poderia coçar o meu rosto, por exemplo, que poderia sentir algum incomodo e que esse próprio perceber silencioso já era uma meditação! E entender o que é uma meditação passiva e ativa foi extremamente rico, porque há vários caminhos na meditação, e o Nisargan mostra isso de maneira muito didática e clara. Hoje sinto-me menos ansiosa, muito mais presente nas minhas situações cotidianas e embarco bem menos nas ciladas da vida”, completa Viviane.
Atualmente as Meditações Contemporâneas de Nisargan têm centenas de praticantes pelo Brasil.