O empreendedorismo do fundador e a modernidade do sucessor
Uma das formas de aproximação das gerações nas empresas familiares é conciliar a história e a visão empreendedora do fundador com a formação e a modernidade do sucessor.
Isto não quer dizer que o fundador não possa atualizar-se em relação às novas ferramentas de gestão ou à novas metodologias de planejamento estratégico, ou que o sucessor também não possa ter os atributos de ousadia para expandir ou investir em novos negócios da família.
Ocorre que as circunstâncias empreendedoras do negócio familiar podem ter ocorrido em um ambiente macroeconômico diverso do atual – portanto as oportunidades podem ter sido diferentes – e o fundador as levou em conta tendo em vista também as práticas de gestão e controle do negócio à época da fundação da empresa. Por outro lado, nos dias de hoje, com o advento da tecnologia e com o aperfeiçoamento da ciência da administração, é até natural que o sucessor tenha mais facilidade e agilidade no acesso às ferramentas contemporâneas.
Há que se ter respeito e tolerância recíproca, portanto, entre estas duas situações que, longe de serem excludentes, são absolutamente complementares.
O exercício empreendedor por parte do sucessor deve inspirar-se na experiência e ensinamentos do fundador, assim como é muito importante que este tenha a humildade de
reconhecer que outras técnicas surgiram desde que a empresa foi fundada.
Assim, não é recomendável afirmativa como: “sempre fiz desse jeito e deu certo, portanto continuaremos da minha maneira” dita por um fundador avesso à mudanças, ou aquela “seu tempo passou, agora é outra época e esta decisão é arriscada demais”, por parte de um sucessor intolerante com a experiência do fundador.
Ambas as posturas requerem humildade, respeito, desprendimento e muita negociação para conciliar tanto a visão do fundador quanto a do sucessor. Se a combinação prevalecer teremos um caldo saboroso e a empresa, a família e o patrimônio serão beneficiados.
– Prof. Manoel Knopfholz