ECONOMIA

O aumento dos gastos públicos e os rumos da economia

Joaquim Levy, Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, analisa a conjuntura econômica nacional e internacional
As perspectivas para a economia nos próximos meses são de um aumento dos juros maior que o previsto nos Estados Unidos, após as últimas sinalizações do Federal Reserve. Diante disso, o mercado passa por um reajuste de preços, segundo Joaquim Levy, Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra.
“O aperto é para valer, e por isso a Bolsa brasileira cai com muita volatilidade, enquando as commodities mais associadas ao crescimento econômico caem”, comenta Levy.
Segundo Levy, a Europa sente cada vez mais o impacto da guerra na Ucrânia, a confiança dos empresários na Alemanha cai drasticamente enquanto cresce uma preocupação mundial sobre como a política monetária pode segurar a inflação sem complicar a situação das várias economias.
Ele explica que os bancos centrais precisam aumentar os juros para conter a inflação, mas ao mesmo tempo precisam segurar a dívida pública e evitar a recessão.
“Temos todos os indicadores de que o choque de oferta de energia deve provocar uma contração nos próximos meses”, comenta. A China, segundo Levy, está se recuperando da pandemia, mas o PIB de 2022 deve ficar muito abaixo do previsto, inferior a 4%, apesar dos esforços do governo.
Tudo isso, destaca Levy, provoca a valorização do dólar frente a outras moedas, e pela primeira vez em décadas o euro pode valer menos que o dólar.
Levy considera que a inflação tende a desacelerar, assim como a circulação de dinheiro na economia, o que vai ajudar o Federal Reserve na tarefa de conter a os preços. Mas ele considera que o processo será rápido, e a recuperação deve ocorrer a partir do fim de 2023 e início de 2024.
Em relação ao cenário para a economia brasileira, Joaquim Levy destaca que ainda é preciso confirmar se o crescimento do primeiro trimestre se manteve no segundo trimestre. Ele diz que a economia brasileira deve desacelerar no segundo semestre, mas que há notícias de crescimento do emprego formal e informal, aumento da massa salarial e abertura de vagas na construção civil. Além disso, o governo está injetando mais dinheiro na economia, com o aumento do gasto público.
O Brasil vem sendo beneficiado por um cenário internacional muito favorável, mas o aumento de gastos do governo e os cortes de impostos ainda precisam ser avaliados, segundo ele.
A injeção de mais dinheiro no mercado pode ter como consequência uma maior pressão na inflação. “As medidas ajudam a economia a crescer, mas pode haver um pequeno impacto na inflação, o que deve fazer com a que a taxa de juros continue mais alta por mais tempo”, comenta.    -Publicação de “O Especialista“. 

 

Redação

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