AGRONEGÓCIO

Mistura em tanque exige atuação de profissional

No ano passado, o então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e o dirigente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Joel Krüger, anunciaram uma medida para eliminar um verdadeiro tabu que pairava sobre da prática agrícola brasileira: a mistura de diferentes agroquímicos no tanque dos pulverizadores.

Por meio da Instrução Normativa (IN) 40, publicada na véspera da data em que se comemora o Dia do Agrônomo (12 de outubro), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estabeleceu as regras para as misturas em tanque, “empoderando” essa classe profissional, conforme definiu Maggi. De acordo com a normativa, a mistura em tanque é permitida desde que haja recomendação técnica, que só pode ser feita por profissional de nível superior. Desta forma, cabe aos engenheiros agrônomos e/ou engenheiros florestais receitarem a aplicação combinada de diferentes produtos.

A rigor a prática não era proibida, porém, tampouco regulamentada. “Um decreto de 2002 já previa esta possibilidade de a recomendação do engenheiro agrônomo ser de um ou mais produtos. A Instrução Normativa passou a bola para o agrônomo tomar esta decisão. Ao produtor cabe seguir as recomendações da receita”, explica o chefe do Serviço de Fiscalização de Insumos e Sanidade Vegetal do Mapa, Marcelo Bressan.

A normativa traz transparência a esta prática, que deixa de ser um tabu, em que todos executam a prática, mas ninguém fala sobre ela. Uma pesquisa conduzida pela Embrapa Soja, com sede em Londrina, aponta que 97% das aplicações no Brasil são feitas com mistura em tanque. “A proibição foi colocando uma barreira na difusão das informações e quando não há informação os riscos são enormes”, aponta o pesquisador da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, autor da pesquisa.

Ainda segundo Gazziero, a normativa trouxe luz para uma prática que carecia de mais informações técnicas. “As misturas devem sempre ser bem estudadas antes de serem feitas. Existem produtos que não podem ser misturados, pois você tem diferentes componentes químicos numa formulação e, a troca de um destes, que o fabricante pode fazer sem o nosso conhecimento, pode desestabilizar a calda dentro do tanque”, aponta Gazziero. Dentre alguns problemas que podem ocorrer estão entupimento dos bicos de aplicação, aumento de fitotoxicidade da mistura e o risco de alterar o resultado de um produto isolado.

V Confrab

A mistura em tanque será tema de uma mesa redonda e de uma palestra no 5º Congresso Brasileiro de Fitossanidade (V Conbraf), entre os dias 7 e 9 de agosto, em Curitiba. O evento, com apoio do Sistema FAEP/SENAR-PR, tem grande importância ao trazer à discussão temas atuais da sanidade na agricultura, como é o caso da IN 40. “Há uma grande expectativa, mais de 73% das pessoas que entrevistamos disseram que ou não tinham informações sobre as misturas em tanque, ou que estas informações eram insuficientes”, aponta Gazziero.

CNA

Redação

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