ECONOMIA

Mesmo com venda recorde, cai oferta de unidades no setor imobiliário

Em 12 meses, foram lançadas 168.673 novas unidades no país
Ainda que haja uma forte demanda, com venda recorde, o setor imobiliário passa por uma queda na oferta de imóveis. O número menor de novos lançamentos reflete a recente alta nos custos da construção, avalia a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, houve uma alta de 27,1% nas vendas de imóveis nos três primeiros meses deste ano no país, revela o estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, da CBIC. Ao todo, foram 207.946 unidades vendidas em 12 meses, maior número já registrado.
Por outro lado, a oferta final de imóveis – que contabiliza todos os imóveis disponíveis para venda, seja na planta, em construção ou prontos – caiu 14,8% na mesma comparação ano a ano. No período de 12 meses encerrados em março, foram lançadas 168.673 novas unidades no país.
O levantamento do CBIC, divulgado trimestralmente, é feito com dados coletados em 150 municípios, sendo 20 capitais.
Alto custo
O inusitado efeito “boca de jacaré”, com a curva de demanda apontando para cima enquanto a de oferta vai para baixo, se deve à inflação recorde nos materiais de construção, sobretudo de insumos como o aço, disse o presidente da CBIC, José Carlos Martins. “As empresas estão muito ressabiadas”, afirmou.
Na sondagem feita periodicamente, 57,1% dos empresários disseram que a maior dificuldade atual do setor imobiliário é a falta de insumos e o aumento nos preços. Esse é o maior índice de toda série histórica dos Indicadores Imobiliários Nacionais da CBIC, iniciada no primeiro trimestre de 2015.
Em abril, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou alta acumulada de 12,9% em 12 meses encerrados em março. O custo com materiais e equipamentos subiu 29,9% em um ano, maior taxa desde o início do Plano Real.
Casa Verde e Amarela
Para o vice-presidente da Área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, um dos principais efeitos da alta nos custos da construção é a redução de lançamentos de habitações de interesse social, cujo financiamento é ligado ao programa Casa Verde e Amarela, do governo federal.
“A gente percebe que está havendo uma migração [das empresas] para outros mercados”, disse Petrucci ao apresentar os dados da CBIC. O setor prefere investir na construção de imóveis mais caros, nos quais os custos podem ser mais facilmente repassados, destacou ele.
Isso porque os custos dos materiais de construção são o principal fator a afetar os preços dos imóveis do Casa Verde Amarela, o que pressiona as margens de lucro nas vendas, uma vez que os preços das unidades no programa possuem um teto. “Então, se tiver um aumento de materiais que é significativo os empresários começam a pensar mais, a recuar um pouco”, explicou Petrucci.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins, defendeu que o governo “use a caneta” para reduzir taxas de importação e derrubar barreiras técnicas para promover um “choque de oferta” nos preços de materiais de construção.
No estudo dos Indicadores Imobiliários, a CBIC indicou ainda que a queda nos novos empreendimentos vem se refletindo na geração de empregos pela construção civil. Em janeiro, o setor gerou 44.075 postos com carteira assinada, número que caiu para 25.020 em março, segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia.   -Agência Brasil

Redação

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