Flávio Cavalcanti foi um sucesso da TV no passado
Veja como era o programa de Flávio Cavalcanti neste vídeo do SBT em 1984. Nascido em 1923, morreu em 1986, aos 63 anos.
Nas décadas de 1960 e 70, ele teve o principal programa de auditório nas noites de domingo da TV Brasileira, distribuído em vídeo tape pela TV Tupi para as suas afiliadas.
Flávio Cavalcanti tratava de temas importantes, mas com um tom sensacionalista. Falava com veemência e indignação. Em outros programas ele adotava a linha musical com jurados, analisando e criticando as músicas da época.
Mais tarde foi o primeiro programa ao vivo nacional a utilizar o canal da Embratel. Visto como um representante da ditadura pela esquerda, Flávio Cavalcanti marcou por sua atuação polêmica na TV.
Livro do filho conta a vida de Flávio Cavalcanti
Um livro que é um relato apaixonado de quem acompanhou o apresentador por uma vida inteira e que nos leva a entender com detalhes Flávio Cavalcanti, escrita por seu filho, Flávio Cavalcanti Junior que, além de ter trabalhado muito com pai, tornou-se um executivo na área de comunicação.
“O livro busca desvendar como funcionava a cabeça do meu pai, suas ideias, sua coragem, suas aparentes contradições e seu refúgio junto a família” – diz o autor.
“Nossos comerciais, por favor”, “Um instante, maestro!” são uns dos mais famosos bordões televisivos, criados por esse gigante da TV, um dos grandes comunicadores brasileiros – ao lado de Chacrinha e Silvio Santos – e símbolo de uma época. Seu diferencial era o estilo polêmico, que ele cultivava com gosto, e que lhe rendeu problemas, desafetos, mas, claro, muita audiência.
Flávio Antônio Barbosa Nogueira Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro em 1923. Ainda jovem, conseguiu um feito impressionante para sua época: uma entrevista exclusiva com o presidente norte-americano John F. Kennedy. Foi também o criador do primeiro júri da televisão brasileira.
Pela extinta Rede Tupi de Televisão, apresentou o primeiro programa a ser exibido em rede nacional, e que se tornaria líder de audiência.
Suas outras marcas eram tirar e colocar insistentemente os óculos de armação escura e grossa, ter a mão levantada com o dedo em riste e quebrar diante das câmeras os discos dos cantores que se apresentavam em seu programa e que, para ele, representassem músicas e letras de baixa qualidade. Flávio criou um estilo eclético de fazer seus programas. Uma mistura entre a música e o jornalismo. Inventou o júri na TV, lançou dezenas de cantores que fizeram enorme sucesso, como Alcione, Emílio Santiago, Fafá de Belém, entre outros.
A obra traz em detalhes a relação pai e filho. “Na maioria das vezes, o patrão era mais compreensível que o pai, este sempre muito rígido. Mas era aberto a conversas longas, sérias e pesadas. Com o meu amadurecimento, acabamos grandes e íntimos amigos e confidentes. É importante para as pessoas que acham que o conheceram que sejam apresentadas a um Flávio Cavalcanti pleno. Um Flávio, que teve uma vida muito mais rica e realizadora do que aquela que transparecia nas duas ou três horas semanais em que ficava no ar” – revela o autor.
Em 22 de maio de 1986, após chamar os comerciais, Flávio Cavalcanti não voltou do intervalo para dar sequência a seu programa. Uma isquemia no coração fez o apresentador ser levado para o hospital e morreu quatro dias depois. A importância de Flávio para a história televisiva no Brasil pode ser medida por uma atitude do SBT, o então canal da atração. A rede saiu do ar durante 24 horas, exibindo para seus telespectadores apenas um letreiro: “Estamos tristes com a morte do nosso colega Flávio Cavalcanti, que será sepultado hoje, em Petrópolis, às 16 horas, quando então voltaremos com a programação normal”.
Pouco depois desse horário, a emissora voltou ao ar. O corpo de Flávio Cavalcanti havia descido à sepultura. E seu nome já estava nos céus da história televisiva.
O autor
Flávio Cavalcanti Jr. atuou por diversos anos ao lado do pai, além de ter trabalhado em importantes empresas de comunicação, aos quais dedicou 45 anos de sua vida. Sua história profissional também é narrada na obra.
– Memória Brasileira