ECONOMIA

Economia brasileira deve crescer 4% em 2021, e o PIB industrial 4,4%, prevê a CNI

Brasil deverá se recuperar das perdas sofridas em 2020. No entanto, país precisa aprovar reformas
estruturais, como a tributária e a administrativa, para retomar o crescimento sustentado já em 2021
 

Depois de amargar uma recessão em 2020 desencadeada pela pandemia de Covid-19, a economia brasileira voltará a crescer em 2021. Projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) registrará expansão de 4% no ano que vem. A atividade econômica será impulsionada pelo avanço de 4,4% do PIB industrial. As previsões estão na edição especial do Informe Conjuntural – Economia Brasileira, da CNI.
O estudo mostra que parte significativa do crescimento econômico será explicada pela base de comparação com 2020, marcado por uma recessão decorrente dos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a atividade econômica. A estimativa é que, neste ano, o PIB caia 4,3% na comparação com 2019, e o PIB industrial, 3,5%.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que as incertezas com relação à economia continuam elevadas e só diminuirão com a imunização da maior parcela da população. A manutenção da recuperação dependerá não só de medidas econômicas como também de saúde pública.
Ele observa, porém, que o primeiro passo já foi dado. A economia vai continuar a se recuperar das perdas sofridas ao longo deste ano. No caso da indústria, para a maioria dos setores, a recuperação já ocorreu em 2020. O grande desafio do Brasil é fazer o país voltar a crescer acima de 2% ao ano de maneira sustentada, ou seja, por um longo período.
“O desafio é a transição da retomada para o crescimento sustentado já em 2021. Para isso, o país, mais do que nunca, precisa eliminar o Custo Brasil. É preciso prover um ambiente favorável aos negócios, que ofereça segurança jurídica, melhore as expectativas e estimule o investimento, o crescimento econômico e o desenvolvimento social”, afirma Robson Braga de Andrade.
O presidente da CNI ressalta a necessidade de se avançar nas reformas estruturais, entre elas a tributária e a administrativa. O Brasil também precisa atrair investimentos em infraestrutura por meio da modernização dos marcos regulatórios que dê segurança jurídica e garanta o respeito aos contratos.
Setor público consolidado deve registrar déficit primário de R$ 192 bi em 2021
O setor público consolidado, que inclui governos federal, regionais e suas estatais, deve registrar um déficit primário de R$ 789 bilhões, ou 10,93% do PIB no fechamento de 2020. Isso significa que as despesas do setor público, ampliadas fundamentalmente em decorrência das medidas para conter a pandemia de Covid-19, superarão em muito as suas receitas. A dívida bruta deverá fechar 2020 em 92,8% do PIB.
Com a melhora na atividade econômica e a previsão de redução de despesas em 2021, o resultado fiscal do setor público consolidado deverá melhorar em 2021. A estimativa é que, no próximo ano, o déficit primário seja de R$ 192 bilhões, ou 2,50% do PIB estimado pela CNI.
Com isso, o déficit primário do setor público consolidado ficará R$ 45,3 bilhões abaixo da meta estabelecida no Projeto de Lei Orçamentária de 2021 (PLOA 2021), que ainda depende de aprovação no Congresso Nacional.
Taxa de desemprego deverá ficar em 14,6% em 2021
As projeções da CNI mostram que a taxa de desocupação deverá crescer em 2021 e ficar em 14,6% da força de trabalho. Esse índice é 0,7 ponto percentual maior que a taxa projetada para 2020, de 13,9%.
O crescimento da atividade econômica no ano que vem será acompanhado da criação de empregos. No entanto, com a queda no receio do contágio pelo novo coronavírus e o fim do auxílio emergencial de renda, mais pessoas deverão voltar a procurar emprego em 2021, o que pressionará a taxa de desocupação.
Inflação deverá fechar 2021 em 3,55% ao ano e ficar abaixo da meta do CMN
A estimativa é que a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique em 3,55% ao ano no fechamento de 2021. A meta definida pelo Conselho Monetário Nacional para o próximo ano é de uma inflação de 3,75% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, a inflação no próximo ano deverá ficar abaixo da meta, mas ainda dentro do intervalo de tolerância.
Para 2020, a projeção da CNI é que o IPCA fique em 4,28%, um pouco acima da meta de 4% definida para este ano, mas também dentro da margem de tolerância.
Selic deve ir a 3% ao ano, e câmbio deve registrar apreciação moderada
No caso da taxa básica de juros, a Selic, a CNI espera que ela seja mantida no atual patamar de 2% ao ano até o fim do primeiro semestre de 2021, quando se iniciará uma sequência de três aumentos. Com isso, a Selic deverá ficar em 3% ao ano no fechamento de 2021.
“Com a Selic em baixo patamar e as perspectivas da Agenda BC, o mercado de crédito terá um importante papel no impulso ao crescimento econômico em 2021”, diz o relatório da CNI.
A taxa de câmbio deve ficar em R$ 5,15/US$ na média de 2020. Para 2021, projeta-se que a taxa de câmbio fique em torno de R$ 4,84/US$, na média, o que representa apreciação moderada frente a média esperada para 2020.
Balança comercial deve ficar positiva em US$ 49 bilhões em 2021
A balança comercial brasileira deverá ficar positiva em US$ 57,6 bilhões no fechamento de 2020, o que representa um aumento de US$ 9,6 bilhões na comparação com 2029. O desempenho será resultado de uma queda nas importações (13,3%) em ritmo mais acelerado que nas exportações (6,2%) neste ano frente a 2019.
Para 2021, estima-se que o superávit comercial seja em torno de US$49 bilhões, com aumento de 7% nas exportações e de 15% nas importações.

CNI

 

Empresários de todos os setores da indústria
continuam confiantes em dezembro, destaca CNI

 

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) de dezembro varia entre o mínimo de
57 pontos, no setor de obras de infraestrutura, e o máximo de 67,7 pontos, na metalurgia
Empresários dos 30 setores analisados no Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) continuam confiantes em dezembro. Os indicadores da pesquisa, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira (15),  variam entre o mínimo de 57 pontos, no setor de obras de infraestrutura, e o máximo de 67,7 pontos, em metalurgia. O ICEI varia de 0 a 100 pontos e valores acima de 50 pontos indicam empresários confiantes e, quanto mais acima de 50 pontos, maior e mais disseminada é a confiança. Já valores abaixo de 50 pontos indicam falta de confiança.

Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, os índices de todos os setores industriais estão bem acima dos 50 pontos, sinalizando otimismo elevado. “Estamos em patamares de confiança de período anterior à pandemia. Isso é positivo porque indica propensão a aumento dos investimentos no próximo ano”, analisa.
 Veja a entrevista com o porta-voz da CNI em Full HD e 60 FPS: https://we.tl/t-EpBwbBEK9b
A pesquisa também mostra que houve aumento da confiança em 18 setores pesquisados. As maiores altas foram nos setores de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (5,5 pontos), de outros equipamentos de transporte (3,1 pontos) e em obras de infraestrutura (3 pontos).
As maiores quedas na confiança ocorreram nos setores de bebidas (-3,4 pontos), de couro e artefatos de couro (-3 pontos) e de produtos de borracha (-2 pontos). O ICEI ouviu 2.315 empresas entre 1º e 11 de dezembro. Dessas, 888 são pequenas, 852 médias e 575 grandes.

Redação

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