ECONOMIA

Construção Civil cria empregos, mas nova onda da Covid-19 preocupa

SP, MG e PR responderam por 65% do saldo líquido de empregos em 2020, mas segunda onda de Covid-19 e fim do auxílio emergencial podem trazer impactos, alertam especialistas da Fundação.
As perspectivas para 2021 foram o tema da reunião plenária do Departamento da Indústria da Construção e Mineração da Fiesp (Deconcic) realizada por vídeo conferência, e mediada pelo diretor titular, José Romeu Ferraz Neto.
A pesquisadora Ana Castelo, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), destacou o atual otimismo dos empresários da cadeia da construção em patamar superior aos índices pré-pandemia, bem como o desempenho extraordinário do mercado imobiliário no segundo semestre de 2020, resultado da recuperação de vendas afetadas no primeiro período do ano passado. “Some-se a isso a queda das taxas de juros”, completou a expositora.
Ela também lembrou que São Paulo, Minas Gerais e Paraná responderam por 65% do saldo líquido de empregos do ano de 2020, sendo 42% da infraestrutura, 24% de edificações e 34% de serviços especializados e destacou os números do mercado habitacional. “O número de unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que representa 50% de funding habitacional, aumentou 43% na comparação com 2019, e em valor a variação foi de 58%”, reforçando a expectativa das empresas de aumentar seu quadro de funcionários.
O ciclo da construção civil é longo e está se beneficiando da taxa de juros baixa, de acordo com Robson Gonçalves, docente da FGV-IBRE, que entende não ser possível ainda prever o que vai acontecer de junho para a frente. “Estamos diante da segunda onda de Covid-19 e do fim do auxílio emergencial, o que traz muitas incertezas. Apesar da recuperação recente do setor da construção civil, tudo indica que chegamos a um platô”, avaliou o professor.
Gonçalves aponta que a economia não está em processo de recuperação consolidado, pelo contrário, pois há possibilidade de que a curva em V se transforme em um W, com piora dos indicadores no 1º trimestre deste ano. “Observa-se um indício muito forte na decisão recente do Copom de manter a taxa Selic em 2%. Temos inflação na ordem de 4% ao ano. Isso tem implicações sérias para o setor público, que precisa se financiar”, alertou.
Sobre o fim do auxílio emergencial, o professor observou que dois terços do destino da produção da construção vêm das construtoras e das famílias, com 27,8% e 51,3%, respectivamente. “Se metade do destino final de consumo está nas famílias, pode sim haver impactos e incertezas no caminho”, segundo Gonçalves.

 

Com taxa de juros baixa, construção deve seguir forte em 2021

 

No entendimento geral dos membros do Conselho Superior da Indústria da Construção da Fiesp (Consic), 2021 será bem melhor que ano passado. Eles se reuniram sob a direção do presidente do Conselho, José Carlos de Oliveira Lima, para analisar as projeções do setor.
A expectativa é de que o Governo tome as medidas corretas e necessárias para consolidar o crescimento do segmento de construção civil como um todo, o que por consequência poderá impulsionar a retomada econômica do Brasil. É consenso que a aprovação das reformas Administrativa e Tributária vão restabelecer a confiança e as condições de manutenção da taxa de juros nos níveis atuais.
Para o presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz Antônio de França, a taxa de juros baixa aumenta a venda de imóveis, que, na maior parte, é realizada por meio de financiamento, e isso aquece todo o setor da construção civil, “que emprega quatro milhões de trabalhadores diretos e indiretos, com potencial para empregar sete milhões e meio nos próximos anos”, destacou, observando que o número crescente de expedição de alvarás na cidade de São Paulo é outro indicativo de que o setor está aquecido e em crescimento.
Atualmente o déficit habitacional brasileiro atual é de quase 8 milhões de moradias, e até 2030 essa demanda será de quase 12 milhões. “Nossa participação no PIB é relevante, a cadeia da construção é responsável por 7,4% do PIB brasileiro e gera impacto em 62 atividades econômicas”, afirmou França.
Pandemia
O setor da construção civil liderou a recuperação econômica do país em meio à maior crise em décadas, e somente no período de junho a novembro de 2020 gerou quase 209 mil empregos. “Tudo com respeito à vida, seguindo todos os protocolos de segurança, o que permitiu vencer um ano difícil. Caso as obras tivessem parado, o desemprego poderia ter atingido mais de 650 mil trabalhadores”, avaliou.
Opinião compartilhada pelo presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp), Newton Cavalieri. “Os protocolos de segurança, com mais de 30 medidas para prevenção, permitiram não somente prosseguir as obras como conter a disseminação do vírus”.
Cavalieri entende que, no caso específico da construção pesada, a recuperação só não foi mais forte devido às obras paradas ou com ritmo lento, como o trecho Norte do Rodoanel, o programa de recuperação das vicinais e de rodovias estaduais. “O planejamento e implantação de um programa de infraestrutura de transporte multimodal no país deve ser assumido como uma questão de Estado e não como programas de governos”, resumiu.
A Abrainc prevê que 2021 será um ano muito forte e que os lançamentos devem crescer 70% em relação a 2020. “Com oferta de crédito imobiliário, juros baixos, poupança em patamar recorde, os bancos são obrigados a emprestar, devido à regra de direcionamento. Por isso é essencial para o setor a aprovação das reformas Administrativa e Tributária, porque o ajuste fiscal é que vai garantir a manutenção dos juros baixos e garantia de investimentos no Brasil a longo prazo”, concluiu França.    – Alex de Souza, Agência Indusnet Fiesp

Redação

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