Confiança da indústria da construção cai pelo 5º mês consecutivo, aponta CNI
A informação é da Sondagem Indústria da Construção. Pesquisa mostra também que desempenho do setor continua em queda, embora em ritmo menos intenso
As previsões de que a economia brasileira crescerá em 2019 em ritmo muito aquém das estimativas iniciais teve novo impacto sobre a confiança do setor da construção. Em maio, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI-Construção) apresentou a quinta queda consecutiva, com redução de 0,6 ponto em relação ao mês anterior. Com isso, o indicador marcou 55,8 pontos, se aproximando da linha divisória de 50 pontos, que separa o otimismo do pessimismo, segundo a Sondagem Indústria da Construção, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quinta-feira (23).
A redução da confiança no setor se deve, principalmente, à percepção de que o ambiente para os negócios piorou. Pelo segundo mês consecutivo, o Índice de Condições Atuais denotou maior pessimismo dos empresários da construção quanto ao presente, caindo de 46,5 pontos para 45,0 pontos. Segundo a pesquisa, o indicador foi puxado para baixo pelo índice de condições da economia brasileira, que caiu 2,8 pontos na comparação mensal.
“Houve um certo descompasso entre as expectativas dos empresários e o tempo político das reformas, que estão sendo discutidas ainda”, explica Dea Fioravante, economista da CNI. Ela acrescenta que são necessários avanços na agenda das reformas, aliados à ampliação do crédito, para que as empresas do setor recuperem a confiança na economia e demonstrem nova disposição em investir e assumir riscos. O índice de intenção de investimentos do setor, por exemplo, manteve-se praticamente estagnado em maio, em 32,9 pontos – 0,1 ponto acima de abril.
EXPECTATIVAS – Diante das incertezas com a economia, as expectativas do setor da construção permaneceram “congeladas”, segunda a Sondagem. A pesquisa mostra que os empresários estão em compasso de espera, com três dos quatro índices apresentando queda no comparativo com abril. Destaque para o de novos empreendimentos e serviços, que apresentou queda de 53,2 pontos para 52,2 pontos, no comparativo.
O índice de expectativa do nível de atividade, por sua vez, caiu de 53,6 pontos para 53,2 pontos, enquanto o de compras de insumos e matérias-primas recuou de 52,4 pontos para 51,9 pontos. Já o que mede a expectativa de contratação de empregados permaneceu estável em 52,1 pontos. “As expectativas permanecem acima da linha divisória de 50 pontos, sugerindo que ainda há otimismo por parte dos empresários do setor”, afirma a pesquisa, acrescentando que as incertezas justificam o aumento da cautela do empresariado.
ESTAGNAÇÃO – Em relação aos indicadores de desempenho, a indústria da construção apresentou recuo menor, em abril, frente ao patamar de março. O nível de atividade, por exemplo, ficou em 45,8 pontos, ante 44,5 pontos do mês anterior – abaixo da linha divisória de 50 pontos –, o que indica queda, ainda que em menor ritmo. No entanto, a Sondagem Indústria da Construção considera o atual ritmo do setor como frustrante, uma vez que se encontra 1,1 ponto abaixo dos níveis de abril de 2018.
A pesquisa também aponta queda no nível de emprego no setor. Em abril, o indicador chegou a 44,1 pontos e apresenta queda em menor ritmo do que o registrado em março (43,7 pontos). Vale destacar que tanto o nível de atividade quanto o de emprego têm reduzido o ritmo de queda desde o ínicio de 2019, embora permaneçam distantes do patamar e 50 pontos, que precisa ser superado para indicar expansão e recuperação do setor.
A Sondagem Indústria da Construção ouviu 493 empresas, sendo 171 de pequeno porte, 271 de médio porte e 105 de grande porte. Os dados foram coletados entre 2 e 13 de maio.
CNI