Acesso à energia com fontes renováveis em regiões remotas no Brasil
O Brasil tem hoje 237 localidades isoladas, a maior parte está na região Norte, nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. O consumo elétrico nessas localidades é baixo e representa menos de 1% da carga total do país, sendo suprida, principalmente, por térmicas locais a óleo diesel.
De acordo com os dados do último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população considerada sem acesso à energia ultrapassava dois milhões de brasileiros. De 2011 a 2017, por meio do LpT, a energia elétrica chegou a quase 800 mil pessoas (IEMA, 2019). Mas, mesmo com as numerosas conexões à rede feitas nos últimos anos pelo Programa Luz para Todos (LpT) do Ministério de Minas e Energia (MME) – atualmente, Programa de Universalização de Energia – ainda é muito grande o número de pessoas sem acesso à energia.
São cidadãos que, pela falta de eletricidade, não têm acesso também à comunicação, à educação de qualidade e à melhoria na sua produção agroextrativista. Para ter eletricidade poucas horas por dia, emitem gases de efeito estufa muito mais que um cidadão conectado 24 horas à rede convencional. São obrigados a se deslocar até o local em que compram o combustível, regressar às suas comunidades e usar o combustível em motores fósseis. Ou seja, tem-se um custo triplo. Além disso, o descarte do combustível usado não é feito corretamente, sendo despejado, geralmente, em rios ou na terra próxima às casas.
“Quando comparado à população total de brasileiros – que chega a 207 milhões –, parece que o número dos sem acesso é pouco significativo. Mas é inaceitável que a vida de mais de um milhão de brasileiros ainda continue como no século passado: praticamente sem acesso à eletricidade de para seus usos mais básicos”, comenta Alessandra Mathyas, analista sênior de conservação do WWF-Brasil e responsável pelo estudo.
Para essas pessoas, não há como a eletricidade chegar pela via tradicional de linhas de distribuição. Considerando-se o alto valor do combustível na região Norte do país, para esses moradores remotos e isolados, a opção mais rápida e barata parece ser a energia solar fotovoltaica.
Ainda que o assunto seja bastante atual e urgente, não é novidade. Há mais de duas décadas, projetos pequenos vêm sendo desenvolvidos na Amazônia Brasileira, primeiro, para testar as fontes renováveis no bioma, e, mais recentemente, para avaliar a sustentabilidade econômica desses processos.
Assim, em parceria com a Fundação Mott, o WWF-Brasil realizou uma pesquisa com dez projetos desenvolvidos na última década com o objetivo de sistematizar e compartilhar dados e informações sobre essas iniciativas de energia renovável (ERs) off-grid em comunidades isoladas.
A publicação, apresentada em formato de cartilha, mostra as oportunidades para energia fotovoltaica em regiões isoladas, os equipamentos disponíveis, aponta as fontes de financiamento para esses equipamentos e, por fim, sugere políticas públicas que podem contribuir para que mais pessoas tenham acesso à energia de forma mais barata e não poluente.
A primeira edição, disponibilizada em 2017, tem sido bastante útil para a disseminação de tecnologias e para a aproximação de comunidades que precisam de serviços e produtos energéticos com as empresas que atuam nesse segmento.
Agência Brasil