A história do dinheiro: o que você precisa saber para entender as finanças!
A história do dinheiro: tudo o que você precisa saber para entender o futuro das finanças!
O dinheiro como o conhecemos provavelmente surgiu na Lídia no século VII a.C, mas sua história se iniciou muito antes. Saiba como as finanças evoluíram até a era dos bancos digitais e das criptomoedas.
Durante toda a história da humanidade, várias coisas foram utilizadas com o valor monetário para a realização de transações. Nossa civilização sempre entendeu a necessidade de modernizar este sistema, passando por momentos onde o sal era a principal moeda de troca – assim como cobre, tabaco e outros itens.
Foi aí que as primeiras moedas e cédulas surgiram, revolucionando as relações comerciais na civilização. Neste texto, você saberá toda a história do dinheiro – desde o período onde a agricultura ainda não era forte, passando pelos eventos importantes que revolucionaram a forma como fazemos compras.
Como o dinheiro foi criado?
Pode-se dizer que o dinheiro é uma das invenções mais antigas da humanidade. Desde os primórdios da nossa espécie, o estabelecimento das primeiras relações humanas deixou claro uma coisa: as pessoas precisavam de coisas que, muitas vezes, pertenciam aos outros.
A menos que algo fosse tomado à força, era necessário ter posses e oferecer em troca do objeto desejado. Nascem aí as primeiras negociações da história da humanidade. Mas, é claro, o dinheiro era muito diferente do que estamos acostumados nos dias de hoje.
Primeiramente, para podermos chamar algo de dinheiro, espera-se que ele obedeça a dois princípios:
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Ter um certo grau de raridade;
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Ser algo que todo mundo precise.
Quando a humanidade começou a se estabelecer, o item que mais atendia estes critérios era a comida. Afinal, naquela época estávamos longe das grandes sofisticações do mundo moderno, com alimentos produzidos em grande escala e facilmente encontrados e preservados.
Quando o homo sapiens começou sua aventura na Terra, conseguir comida era um desafio árduo: era necessário caçar animais e colher raízes e plantas. Quando esses recursos ficavam escassos em uma determinada região, os povos eram obrigados a se mudar. Por isso, não é difícil entender porque os alimentos eram a moeda principal da época e porque isso se manteve por tanto tempo.
Porém, era preciso buscar situações mais confortáveis, em que o homem não precisasse caçar sua comida diariamente em um ciclo exaustivo e infinito. Além disso, grandes variações climáticas e o desaparecimento de espécies poderiam levar a períodos de grande escassez.
Para solucionar esse problema, iniciamos uma prática revolucionária, que mudaria para sempre os rumos da humanidade: a agricultura.
A agricultura e o dinheiro
Quando o homem começou a plantar o seu próprio alimento, sua vida mudou drasticamente. Não era mais necessário enfrentar os perigos da caça e da escassez de comida, o que permitiu que a energia e a criatividade começassem a ser usadas em outras áreas.
A criação de animais também garantiu carne em abundância. Ao promover o cruzamento entre animais de grande porte, o homem conseguiu fazer com que eles nascessem cada vez maiores, sendo fundamentais para alimentar um número maior de pessoas.
Foi entre 10 mil a.C e 9 mil a.C que esse processo passou a ganhar mais força. Porém, isso elevou a desigualdade. Afinal, as pessoas que tinham sua própria terra e podiam cultivar alimentos e criar animais eram donas de uma verdadeira mina de ouro. Com a produção acima do que consumiam, elas podiam trocar o excedente por qualquer coisa que desejassem.
Por outro lado, aqueles que não eram donos de terras se viam obrigados a trabalhar para esses fazendeiros, às vezes como escravos ou em péssimas condições. O pagamento era feito na moeda da época: a comida.
Os babilônios e os bancos
Com o desenvolvimento da agricultura surgiram os primeiros trabalhos especializados. A humanidade passou a construir casas, fazer pães e desenvolver outras atividades.
Aqueles que se destacavam podiam ser pagos com uma quantidade mais generosa de alimentos e usavam os excedentes como moeda de troca por outras coisas. Diferentemente da época da caça, já era possível acumular alguma riqueza.
Porém, esse sistema de usar alimentos como dinheiro tinha suas dificuldades, já que para comprar algo era preciso carregar sacos e cestos cheios de comida. Isso até os babilônios, que viveram na Crescente Fértil há 4 mil anos, criarem duas coisas que foram as precursoras das moedas que conhecemos e dos bancos.
O rei desenvolveu silos em que as pessoas podiam depositar sacos de alimentos e, em troca, recebiam uma placa de argila em que estava escrito a quantidade depositada.
Essas placas foram as primeiras cédulas de dinheiro, já que era possível usá-las para comprar coisas. Quem possuía muitas placas de argila era considerada rica.
Além disso, o sistema foi usado até mesmo para fazer empréstimos. Contudo, a ideia tinha um sério problema que impedia seu uso por muito tempo: os grãos guardados iriam eventualmente estragar, fazendo com que as placas de argila perdessem valor.
Para que o dinheiro continuasse a evoluir, era necessário encontrar algo mais durável e valioso.
Sal, cobre e tabaco
O sal funcionou bem como dinheiro na antiguidade. Ele preenchia os critérios que citamos acima. Sua raridade se devia ao fato de ser muito difícil extraí-lo. Todo mundo o queria porque em uma época em que não havia geladeiras, salgar as carnes era a melhor forma de conservá-las.
Além disso, o sal era muito mais fácil de transportar do que os grãos. Até mesmo os legionários romanos eram pagos dessa forma. Inclusive, foi assim que surgiu a palavra salário.
Mas, qualquer outra coisa que tivesse um bom grau de raridade e fosse muito procurada podia ser usada como dinheiro: couro, peixe seco, conchas bonitas e até pinga.
O tabaco também teve grande importância nesse sentido e seu uso perdurou muito além dessa época. No estado americano da Virgínia, o tabaco foi a principal moeda corrente por duzentos anos, desde a fundação da colônia em 1607.
Mas, voltando 5 mil anos no tempo, descobrimos que o cobre também foi outra importante moeda. Esse metal foi usado na fabricação de armas e de diversos utensílios. Em tempos de guerra, aqueles que tinham armas de cobre eram mais poderosos. Nas épocas de paz, o cobre era usado como moeda de troca para qualquer item desejado.
Além disso, ele tinha outra grande vantagem sobre os outros tipos de dinheiro que citamos aqui: era extremamente durável. Com o uso de metais, as coisas também passaram a ter preços mais claros, já que tudo era negociado de acordo com um peso em cobre.
Como surgiu a primeira moeda da forma como a conhecemos hoje?
Em nossa breve viagem pela história do dinheiro ficou claro que esse item tão precioso pode ser muitas coisas. Agora chegou a hora de falarmos do grande momento: quando ele passou a se aproximar com o que temos hoje, com a criação da moeda.
Essa necessidade surgiu porque a negociação usando metais, apesar de ser mais eficiente do que outros métodos, abria espaço para diversos tipos de trapaça. Além disso, havia o empecilho de sempre ser necessário ter uma balança durante as transações.
Tudo isso mudou na Lídia, uma cidade-estado localizada onde hoje fica a Turquia. Foi por volta de 600 a.C, que o governo decidiu pôr um fim à confusão causada pelos metais. Para isso, eles fundiram um tipo de moeda, com peso e grau de pureza predeterminados, usando gravuras em sua face para garantir a autenticidade.
Na verdade, não há uma certeza absoluta de que o dinheiro tenha nascido na Lídia, mas até hoje essa foi a moeda mais antiga identificada pelos arqueólogos. 20 anos após sua criação, muitas cidades-estados do mundo Grego já implementaram a ideia e produziram suas próprias moedas.
Sólon e o “dinheiro falso”
No século 6 a.C a cidade de Atenas passava por uma grave crise desencadeada por uma série de fatores, como endividamento dos mais pobres, juros altos e produções paradas porque as pessoas não tinham dinheiro para comprar.
Isso resultou em mulheres e crianças sendo entregues como escravos para pagar dívidas e em uma crescente revolta popular. O governo, temendo que as coisas ficassem fora de controle, colocou o poder nas mãos de um aristocrata que era conhecido pela inteligência fora do comum: Sólon.
A primeira atitude de seu governo foi proibir a escravidão como forma de pagar dívidas, comprando de volta os parentes que tinham sido entregues nessa situação. Porém, as dívidas e a desigualdade continuavam, fazendo com que a população continuasse insatisfeita.
A solução mais promissora era comprar a produção dos mais pobres para que eles pudessem usar o dinheiro e pagar sua dívida. O único problema é que o governo não tinha a quantia necessária.
Fabricar mais dinheiro era difícil porque as minas não possuíam a quantidade de ouro e prata que pudesse suprir a alta demanda. Foi então que Sólon teve uma das ideias mais revolucionárias da história do dinheiro e que pode até ser considerada um tipo de trapaça.
Ele sabia que as pessoas confiavam nas moedas porque o Estado dizia que elas eram feitas de ouro e prata puros. Mas, caso não fossem, não haveria muitas pessoas aptas a desconfiar do problema.
Então, Sólon começou a produzir moedas com outros metais misturados. A ideia deu certo e recuperou a economia de Atenas, fortalecendo até mesmo o comércio exterior. Assim, abriram-se as portas para o modelo de moedas que conhecemos hoje, em que seu valor é dado pelo número impresso nela e não pelo material de que é feita.
Já na idade média iniciou-se um costume de guardar moedas com ourives. Em troca, a pessoa ganhava um recibo. Era um processo similar ao depósito bancário que surgiria depois. Após algum tempo esses recibos começaram a ser usados em compras, o que deu origem às moedas de papel.
Ao longo dos séculos, vários tipos de moedas surgiram e desapareceram e o dinheiro continuou a evoluir, até o ponto em que se tornou apenas um número em um aplicativo e não precisamos mais de uma representação física dele.
Histórico do dinheiro no Brasil
No Brasil, os indígenas usavam a troca de mercadorias em suas relações comerciais. Mas tudo mudou com a chegada dos portugueses. Os recém-chegados, portugueses, foram responsáveis por introduzirem as primeiras moedas.
Este processo não ocorreu rapidamente. Já que, mesmo com a presença do dinheiro, o sistema de trocas continuou a ser usado pela população local durante muito tempo.
Evolução das moedas no Brasil colônia
Em 1568 que o rei português Sebastião I estabeleceu o uso das moedas portuguesas no Brasil colônia. A primeira delas era chamada de “Real”, que tinha como plural os Reais e ficou conhecida como “réis”.
Mas, as unidades monetárias portuguesas não foram as únicas a circular por aqui naquela época. O Brasil foi invadido por outros povos. Entre os principais temos os holandeses e franceses.
Esses povos trouxeram suas moedas que passaram a circular em nosso território. Os holandeses foram os pioneiros na fabricação de moedas de ouro em terras brasileiras. Elas foram cunhadas pela Companhia das Índias Ocidentais para pagar fornecedores e militares que ocupavam Pernambuco.
Obviamente, a circulação de diferentes moedas causou problemas para o comércio e para a coroa portuguesa. Assim, em 1640 houve uma padronização do dinheiro em circulação. Para isso, as moedas receberam um carimbo que ficou conhecido como carimbo coroado.
Já em 1694 surgiu a Casa da Moeda em Salvador, Bahia. Embora seu intuito inicial fosse cunhar moedas apenas nesse local, a falta de dinheiro na colônia fez com que ela fosse transferida algumas vezes. Primeiro para o Rio de Janeiro, depois para Pernambuco e de volta ao Rio de Janeiro.
Outro acontecimento importante dessa época foi a chegada da Coroa portuguesa ao Brasil e a posterior criação do Banco do Brasil. A instituição passou a emitir bilhetes em 1810, que foram os precursores do papel-moeda.
História do dinheiro na república brasileira
Em 1889, após a proclamação da república, as moedas em circulação em solo brasileiro deixaram de mostrar a face dos imperadores e adotaram uma imagem feminina, simbolizando república e liberdade.
Até o ano de 1922 as moedas eram fabricadas de ouro, mas o valor elevado para a produção fez com que esse metal passasse a ser reservado para moedas comemorativas.
O dinheiro brasileiro enfrentou períodos de muita instabilidade devido a governos com planos econômicos desastrosos e uma inflação fora de controle.
Nossa moeda mudou 8 vezes entre 1942 e 1994:
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Cruzeiro;
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Cruzeiro Novo;
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Cruzeiro;
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Cruzado;
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Cruzado Novo;
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Cruzeiro;
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Cruzeiro Real;
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Real.
O plano Real entrou em vigor em 1994 e é a moeda corrente na sociedade brasileira.
Chegada do dinheiro aos meios digitais
Não faz muito tempo em que, para comprar qualquer coisa, a maioria das pessoas utilizava dinheiro físico. Quando recebiam algum pagamento, era necessário ir ao banco e enfrentar filas para sacar a quantia.
Embora muitas pessoas ainda façam isso, a maneira como lidamos com o dinheiro já passou por outras revoluções.
Com o advento da internet, o dinheiro passou a ser digital. Ou seja, não é mais preciso sacá-lo em sua forma física. Podemos pagar contas e comprar produtos totalmente online.
Os bancos criaram o internet banking, que permite que o usuário movimente a conta sem sair de casa. Pelos aplicativos é possível pagar qualquer coisa e fazer transferências.
Nem mesmo quando estamos em uma loja física é necessário usar dinheiro em espécie. Hoje é possível pagar tudo com os cartões de crédito e débito. Mas, até eles já se tornaram obsoletos para uma parte da população, pois novas tecnologias permitem o pagamento apenas aproximando o seu celular da maquininha ou por meio de uma transferência instantânea como o PIX.
O fato é que após toda essa evolução das moedas, indo desde as placas de argila até os modelos feitos de ouro, não precisamos mais delas, pois tudo está no meio digital.
Como surgiram as moedas digitais?
O uso do dinheiro em um ambiente totalmente digital já é bastante impressionante e facilita a vida de muitas pessoas. Mas, a evolução não parou por aí, pois em 2008 surgiram as moedas digitais.
Elas também são conhecidas como moedas virtuais ou criptomoedas. Trata-se de um tipo de moeda descentralizada, que pode ser transferida entre as pessoas sem a intermediação de um banco.
As criptomoedas funcionam de maneira menos burocrática, já que não se submetem à regulamentações de sistemas monetários ou a alguma instituição que é autoridade no assunto, como o Banco Central do Brasil.
Essas moedas utilizam a tecnologia blockchain para garantir a segurança das operações. Essa tecnologia funciona como blocos de códigos que são interligados e protegidos por criptografia.
Outra diferença significativa entre as criptomoedas e as moedas tradicionais é que as criptos só existem no meio digital e não há como guardá-las em um cofre ou em uma carteira física.
A primeira criptomoeda foi o Bitcoin, criado por Satoshi Nakamoto, e é a principal do mercado até hoje. Mas, muitas outras surgiram, como o Ethereum, Ripple e Litecoin – e, assim como todo tipo de investimento, o auxílio de uma corretora de Bitcoin é usado para potencializar ganhos.
As moedas digitais não têm relação com a política monetária imposta pelos governos e sua cotação está intimamente ligada à oferta e procura. Então, se há muitas pessoas comprando, o valor vai subir. Mas, se a maioria estiver vendendo, o valor vai cair.
Desde sua criação, o mercado de criptoativos passou por valorizações gigantescas que literalmente enriqueceram investidores. Por outro lado, é importante observar a volatilidade do mercado e os fatores que influenciam na cotação das moedas digitais.
Utilização das criptomoedas
Criptomoedas como o Bitcoin e o Ethereum são comumente usadas como um tipo de investimento. Pois, a possibilidade de grandes altas na cotação pode gerar lucros enormes para os investidores.
Devido à enorme popularidade, as moedas digitais também passaram a ser usadas de forma parecida ao dinheiro tradicional, já que é possível trocá-las por serviços e produtos. Muitos estabelecimentos já adotam as criptos como uma das formas de pagamento, permitindo que os investidores as usem para pagar:
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Passagens aéreas;
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Ingressos de cinema;
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Imóveis;
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Carros;
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Comida;
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Pacotes de viagem.