MEMÓRIA BRASILEIRA

Mazza trabalhou por sete décadas com coragem e bom humor

 

Obituário na Folha de São Paulo em 5 de outubro de 2024

Mauren Luc

 

Formado em direito pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Luiz Geraldo Mazza fez carreira no jornalismo. Começou a escrever no “Estado do Paraná” na década de 1950, passando ainda por “Diário do Paraná”, “Última Hora”, “Correio de Notícias”, “Indústria e Comércio”, “Diário da Tarde”, “Diário do Comércio” e “TV Paranaense”. Esteve também nesta “Folha” entre 1962 e 1963.

Mazza assinou uma coluna na “Folha de Londrina” até 2024 e atuou como comentarista na Rádio CBN Curitiba durante 25 anos, 18 deles ao lado de José Wille: “Era bom analista, conseguia explicar a política com coragem para trazer os bastidores, muitas vezes antecipando o que os veículos divulgariam.”

Com gosto e talento para conversa, conquistou fontes e tinha acesso a informações privilegiadas. “Ele publicava o que muitos não queriam. Foi importante para quebrar o conservadorismo da mídia curitibana”, acrescenta Wille.

Para Adriana De Cunto, chefe de redação da “Folha de Londrina”, o Paraná perdeu seu maior colunista político. “Foi repórter, editor, colunista, cronista. Muito inteligente, dono de uma memória incrível. Ético, preciso, relevante, bem-humorado”, afirma.

“Publicou milhares de artigos, tornando-se o mais profícuo jornalista paranaense de todos os tempos”, destacou a Academia Paranaense de Letras, da qual Mazza era membro desde 1998.

O governador Ratinho Junior (PSD) ressaltou o estilo “inconfundível” de noticiar do jornalista. “Sabia como poucos dos bastidores da política.”

Nascido em Paranaguá, no litoral paranaense, numa família de dez irmãos de ascendência italiana e portuguesa, mantinha sempre o bom humor. Foi casado por 65 anos com Lucy Werneck Mazza. Exerceu ainda a função de procurador do Estado.

“Era muito divertido, com uma memória privilegiada e de muita opinião. Não tinha medo de errar, tinha segurança das suas análises com fatos, o que incomodava muita gente no mundo político. Era imprevisível e provocador. Gostava de manter a história viva do estado. Participou de muitos movimentos, manifestações e greves”, observa o neto e também jornalista Luiz Geraldo Mazza Neto.

“Ele respirava jornalismo, era a vida dele, fazia com prazer. Mesmo internado, gravava”, conta a filha Liana Mazza Milicio. “Também gostava de pescar e de futebol. Era torcedor do Coritiba e chegou a escrever, em 1970, uma revista para o time, chamada Cori Gigante.”

Mazza morreu em 10 de setembro, aos 93 anos, de insuficiência respiratória. Deixa quatro filhos, seis netos e sete bisnetos.

 

*Folha de São Paulo em 5 de outubro de 2024.

 

Redação

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