Brasileiras no exterior: o que mudou no perfil da brasileira que imigra
As motivações da saída da mulher brasileira para o exterior têm mudado drasticamente. Enquanto por muito tempo elas imigravam ao exterior acompanhando seus pais ou os maridos, recentemente se observa uma mudança de interesses, tanto do ponto de vista profissional e pessoal como também motivadas pelo medo da violência e pela sensação de falta de segurança.
Em um mundo no qual tecnologias diminuem a sensação das fronteiras, a imigração pode representar uma oportunidade única para brasileiras que desejam explorar chances e construir uma vida de oportunidades diferentes daquelas que o Brasil oferece. Recente pesquisa do Datafolha mostrou que 50% dos brasileiros na faixa dos 25 a 34 anos desejava emigrar do País em 2018, dado confirmado também pela Época Negócios, ao mostrar que 91% dos brasileiros gostaria de se mudar para o exterior.
A ONU, por outro lado, destaca que a migração de mulheres cresce consideravelmente desde 2000. Embora não existam dados específicos sobre a emigração da mulher brasileira, pode-se fazer essa avaliação de forma geral, levando em conta não apenas a emigração brasileira como um todo como também a mudança do papel da mulher na sociedade principalmente nos últimos 20 anos no Brasil e no mundo. As motivações da saída da mulher brasileira para o exterior têm mudado drasticamente. Enquanto por muito tempo elas imigravam ao exterior acompanhando seus pais ou os maridos, recentemente se observa uma mudança de interesses, tanto do ponto de vista profissional e pessoal como também motivadas pelo medo da violência e pela sensação de falta de segurança.
Fatores profissionais, financeiros e a necessidade de desenvolvimento pessoal têm norteado a decisão de mulheres para morar fora do Brasil, o que pode ser visto em pesquisas sobre a mudança de valores pessoais em homens e mulheres, como isso impacta os novos propósitos em decisões sérias, como emigração. No caso da mulher, prioridades que no passado eram focadas na família e do cuidado com os outros têm sido substituídas por necessidade de desenvolvimento pessoal e de autoestima, como William R. Miller, PhD afirma em seu livro chamado “Quantum Change: When Epiphanies and Sudden Insights Transform Ordinary Lives“’.
Diante disso, a pergunta que fica: se o perfil da brasileira que emigra muda, os desafios que ela enfrentará lá fora também mudam?
Certamente que sim. Siglia Diniz, médica, especializada em saúde pública e neurociência, e coach de alta performance vivendo nos EUA há mais de 20 anos, afirma que muitas de suas clientes brasileiras buscam se preparar e se informar mais antes de sair do Brasil tanto do ponto de vista profissional quanto emocional ao buscarem a ajuda de terapeutas, coaches e comunidades brasileiras para um apoio amplo durante esse processo de mudança. Os desafios, contudo, dependem do local para onde emigram.
Em sociedades mais igualitárias, como nos EUA, a mulher é vista como um elemento de competição profissional (semelhante aos seus colegas masculinos) cujo sucesso depende de seu esforço pessoal e portanto, haverá uma exigência maior de competência – o que pode ser um incentivo ou um motivo de cansaço e solidão em um primeiro momento. Em alguns outros locais, inclusive na Europa e Japão, mesmo em sociedades mais igualitárias, fatores como a percepção da mulher brasileira localmente e sua origem (ex: brasileiras descendentes de japoneses, podem ter mais chances de sucesso no Japão do que não descendentes) podem trazer desafios de diversas formas e a mulher pode ter dificuldades muito peculiares principalmente se emigrar sozinha. Por outro lado, vale lembrar que o mundo ocidental está muito mais aberto (e necessitando) da participação feminina no mercado de trabalho para trazer uma nova visão e conduta profissional, o que beneficia a todos.
Logicamente, para todos que saem do Brasil, existe uma mudança inicial do status de cidadania, em que a pessoa se vê nesse novo contexto, como imigrante, e passa a ter de lidar com uma nova série de informações, como a diferença cultural, idiomática, e social, além dos fatores já citados anteriormente. Nem todas as mulheres (e pessoas) que imigram estão preparadas para enfrentar essas diferenças, e isso pode também explicar o porquê de muitas estarem retornando ao Brasil, como divulgado recentemente.
Segundo Siglia, um dos grandes motivos de falta de adaptação, além de razões óbvias como saudade e choque cultural, é quando a mulher não define sua postura (mental, emocional e logística) para enfrentar o ambiente novo em que se colocou, e portanto, fica vulnerável às dificuldades e pode facilmente se desiludir com a vida no exterior – tudo por não ter a clareza do seu objetivo maior (o porquê que motiva seus esforços).
E o que então pode ajudar a mulher a concretizar seu sonho de morar fora e não ceder aos primeiros obstáculos, retornando ao Brasil? Buscar aprender sobre o mercado de trabalho, estudar a língua e a cultura, sair da ilusão que pode emigrar e continuar vivendo a mesma vida que tinha no Brasil (sem interagir com a cultura e pessoas locais), interagir antecipadamente com grupos de pessoas que já estejam fora do Brasil e que possam conversar uma mesma linguagem de planejamento (e motivação), buscar apoio emocional e práticas para fortificar crenças e seu mindset (consciência) para superar as dificuldades iniciais e assim dar tempo para que os benefícios e o aprendizado aconteça antes de desistir e se frustrar.
Baseado nessa realidade, Siglia Diniz criou um portal online para mulheres que pensam em morar no exterior ou que já se mudaram. Esse portal funciona como uma assinatura de conteúdo de desenvolvimento pessoal, profissional e de estilo de vida, saúde e bem-estar para que possam ter um guia para ultrapassar e transcender os obstáculos da emigração com ensinamentos e práticas baseadas em princípios de estilo de vida saudável, neurociência, hábitos de alta performance, planejamento estratégico e de gestão de carreira.
Como último conselho, Siglia comenta que nesse contexto de emigração, a mulher deve entender o seu propósito e intenção baseados em profunda reflexão e maturidade de ideias, evitando assim que sua saída do Brasil não seja motivada por desilusões passageiras com o País, descaso com a cultura brasileira ou por ilusões e ideias distorcidas sobre felicidade e riquezas a serem encontradas no exterior.
Vale lembra que a chance maior de satisfação com essa experiência e mais possibilidades de expansão de oportunidades ocorrem quando se tem clareza do que se quer alcançar no exterior, quando se assume a responsabilidade de trilhar os próprios caminhos e buscar novas direções e aprendizados.
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