Congresso Nacional já teve dois assassinatos
Em meio a confusões e agressões no Congresso Nacional, como troca de ofensas, empurrões, socos e até cusparada, o Parlamento brasileiro já foi palco de troca de tiros e até mortes, em 196 anos de existência.
Em 8 de junho de 1967, os deputados Nelson Carneiro e Estácio Souto Maior, pai do piloto Nelson Piquet, sacaram suas armas e trocaram tiros na Câmara dos Deputados. A causa da briga foi a presidência da União Interparlamentar, organismo de cooperação internacional entre congressistas. Souto Maior deu um tapa em Nelson, que revidou mais tarde, em frente à agência do Banco do Brasil, no salão inferior da Câmara. Com um revólver calibre 38, Nelson Carneiro baleou Estácio Souto Maior, que mesmo atingido pelo tiro, conseguiu revidar o disparo.
Quatro anos antes, no dia quatro de dezembro de 1963, o senador Arnon de Mello, pai do atual senador e ex-presidente Fernando Collor, atirou contra o também senador Silvestre Péricles. Apesar dos seus 67 anos na época, Silvestre Péricles deitou-se no chão e desviou dos disparos. Um dos tiros acertou o abdome do senador José Kairala, que morreu horas depois no então Hospital Distrital de Brasília (atual Hospital de Base). Tudo teve início devido a uma rixa regional, já que os dois (Collor e Péricles) eram alagoanos. Péricles Silvestre, que era militar, andava armado e jurou Arnon de Mello de morte. O pai de Fernando Collor reagiu às ameaças, e durante um discurso no Senado, atirou contra Péricles Silvestre.
Em 1929, quando a Câmara Federal ainda era sediada no Rio de Janeiro, capital brasileira à época, uma discussão áspera entre os deputados Sousa Filho e Simões Lopes resultou em morte. No dia 26 de dezembro daquele ano, Luís, filho de Simões Lopes, tomou as dores do pai e partiu para a briga com o deputado rival, que portava um punhal. Durante o confronto físico, Simões Lopes, que estava armado, disparou dois tiros contra o Sousa Filho, que morreu no local.
E sabe o que há de comum em todos esses casos? Os envolvidos, nas três ocasiões, foram absolvidos e não responderam criminalmente.
Casos como esses, no entanto, não são exclusividade do Parlamento brasileiro. Na Espanha, no dia 23 de fevereiro de 1981, ocorria a passagem de faixa presidencial. Adolfo Suárez assumiria o lugar de Leopoldo Calvo-Sotelo, desde que contasse com o aval do Parlamento, como previa a Constituição. A sessão ocorria normalmente até que um grupo de policiais comandado pelo tenente-coronel Antonio Tejero entrou no local e se dirigiu armado à tribuna.
O vice-presidente na época, general Gutiérrez Mellado, reagiu à ação do coronel e foi em direção ao invasor. Após a discussão, Tejero efetuou um disparo. O tiro foi o estopim para que outros soldados alvejassem o Plenário com rajadas de metralhadoras. A invasão era uma tentativa de golpe. O tenente-coronel Antonio Tejero fez diversos parlamentares de reféns, mas se entregou no dia seguinte.
Outro caso emblemático ocorreu na América do Sul. Lembra-se famosa cena de tanques cercando o Palácio da Justiça, na Colômbia, em séries como Narcos? Pois é, ela aconteceu há quase 34 anos, nos dias 6 e 7 de novembro de 1985. Na ocasião, 35 guerrilheiros do grupo M-19 tomaram a sede da Corte Suprema e do Conselho de Estado colombiano, matando dois seguranças ao chegarem no edifício.
A invasão armada foi uma reação ao que o grupo considerou como “falhas do governo” do presidente Belisario Betancur, que pretendia cumprir os acordos de paz que havia assinado no ano anterior. A ação criminosa terminou 28 horas depois e cerca de 100 pessoas foram mortas. 12 delas eram magistrados, incluindo o presidente da Suprema Corte, Alfonso Reyes Echandía.
Agência do Rádio