O dia mundial das abelhas, que estão em risco de extinção
As abelhas, fundamentais para o meio ambiente, estão sendo exterminados em uma velocidade assustadora, e um dos maiores vilões dessa tragédia são os agrotóxicos.
É por isso que o Dia Mundial das Abelhas pede nossa atenção. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2018, tem reforçado a importância da polinização animal para garantir não somente o equilíbrio dos ecossistemas, como também a produção de alimentos e o combate à fome no mundo. Mas as abelhas, que deveriam ser as rainhas da festa, correm perigo!
Aqui no Brasil, apenas entre dezembro de 2018 e março de 2019, mais de meio bilhão de abelhas criadas por apicultores foram encontradas mortas — mais especificamente, nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Se fosse possível contabilizar a morte de abelhas silvestres (livres na natureza), esse número seria muito maior.
E os alarmes não param de soar. No início de maio, um novo relatório da ONU apontou que nada menos que um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção a um ritmo nunca antes visto. Os polinizadores são um dos grupos mais ameaçados.
A importância das abelhas é incontestável: 73% de todas as espécies vegetais do planeta dependem da polinização feita por elas. No Brasil, habitat de cerca de 1.600 tipos de abelhas, mais da metade das 141 espécies de plantas cultivadas depende da polinização que é feita, principalmente, por esse grupo de insetos. Tomate, berinjela, leguminosas, café e cacau são alguns dos alimentos polinizados por elas.
Rainhas da polinização x rainha do veneno
Enquanto as rainhas da polinização enfrentam sérias ameaças por conta do uso massivo de agrotóxicos, Tereza Cristina, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tem assumido cada vez mais o posto de rainha do veneno. Sob o seu mandato, em menos de cinco meses, o novo governo já liberou 166 novos agrotóxicos, um recorde se comparado aos últimos dez anos, considerando o mesmo período.
Muitas dessas substâncias são proibidas na União Europeia e nos Estados Unidos, e 44% delas são altamente ou extremamente tóxicas. Esses agrotóxicos podem afetar severamente a saúde humana, causando doenças como câncer e problemas reprodutivos. Nessa chuva de veneno dos últimos meses, também foram liberados produtos cujos ingredientes ativos afetam diretamente as abelhas, como os neonicotinóides e o fipronil.
“Nunca se liberou tanto veneno tão rapidamente. O governo segue empenhado e veloz em tornar o país ainda mais dependente desses produtos. Com isso perdemos todos. Nossa saúde ficará mais vulnerável, o meio ambiente continuará sendo envenenado e as abelhas seguirão ameaçadas. Afundar o país em veneno não deveria ser a nossa opção de futuro.”, diz Iran Magno, especialista em Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil. “Apoiar um modelo de agricultura que respeite a vida, como propõe o Projeto de Lei da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, é que seria um verdadeiro sinal de preocupação com os brasileiros e com a nossa biodiversidade – verdadeiras riquezas que temos no país”, completa ele.
Virando o jogo
Sabemos que há muito o que fazer. No último fim-de-semana, “polinizamos” diversas cidades brasileiras com atividades para mostrar a importância das abelhas para o meio ambiente e as pessoas. As ações contaram com coletas de assinaturas para o abaixo-assinado Salve as Abelhas e mural de mensagens no qual as pessoas podiam deixar o seu apoio para a proteção das maiores polinizadoras do planeta, além de pedir por uma agricultura mais sustentável e sem agrotóxicos. Nossos voluntários ainda realizaram oficinas de stencil e distribuíram mudas e sementes de flores que atraem as abelhas, como lavanda, girassol e sálvia, convidando as pessoas a se juntarem a este enxame de transformação.
Greenpeace